por Paulo Eduardo Gomes Vieira, pastor presidente da Primeira Igreja Batista de São Paulo
Pedir bênçãos a Deus é uma recomendação bíblica. O próprio Senhor Jesus disse “pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á”(Mat.7:7).A partir de nossa conversão a Cristo, devemos tornar-nos conscientes de que temos um Pai celestial que é amoroso, e que se alegra em fazer bem aos seus filhos. Em seu ministério, Jesus nos ensinou a ver a Deus desta forma, ou seja, como Pai bondoso, misericordioso e doador de bênçãos.
É preciso, porém, que a nossa compreensão do evangelho seja ampla, abrangente, e não segmentada, seletiva, conforme o que nos é mais conveniente. O mesmo Cristo que nos incentiva a que peçamos bênçãos, também nos adverte com veemência que se não estivermos dispostos a tomar a nossa cruz, não poderemos segui-lo. Ele também diz que, para andar com ele, é preciso que neguemo-nos a nós mesmos. Também fala que quem quiser ganhar a própria vida, perdê-la-á. (Mat. 10:38,39)
Creio sim que podemos e devemos apresentar ao nosso Deus bondoso as nossas necessidades e urgências, na certeza de que Ele é o nosso refúgio e fortaleza; o socorro bem presente nas angústias da vida. Mas também creio que, maior do que o nosso desejo de receber bênçãos, deve ser a nossa vontade de sermos servos fiéis. A nossa busca pela fidelidade àquele a quem chamamos de Senhor deve preceder o nosso desejo de receber dele benefícios.
Essa é uma característica do cristão maduro. Ele sabe que pode receber muitas bênçãos de Deus, mas ainda que as bênçãos não venham como desejadas, ainda que o esperado não aconteça, ou mesmo que a vida não seja marcada pelo recebimento dos benefícios almejados, todavia ele se alegra no Senhor, e exulta no Deus da sua salvação.
Se o nosso desejo de fidelidade a Jesus não for maior e mais intenso do que o desejo de receber as suas bênçãos, então não poderemos nos considerar servos. Seria mais adequado ver-nos como senhores. Neste caso, não seriamos seguidores de Cristo. Nós o teríamos apenas como um recurso do qual lançamos mão para obtermos uma melhora em nossas condições de vida. Deus seria apenas um meio do qual nos utilizaríamos para fazer um up-grade em nossos recursos materiais, em nossa saúde ou condição social.
Infelizmente, este modo utilitarista de relacionamento com Deus tem permeado o universo evangélico de nossos dias. Os convites ao abandono dos pecados estão cada vez mais escassos. O desafio à mudança é tema quase em extinção. Cruz e renúncia são assuntos esquecidos nas pregações. Indiscutivelmente, a ênfase no receber tem sido muito, mas muito maior do que o enfoque na consagração de vida.
Mas certamente o que eu e você mais desejamos é que sejamos fiéis àquele a quem chamamos de Senhor, Cristo, nosso Salvador. Sermos aprovados por Ele é o que mais importa para nós!